Cobra Kai - Temporada 6, 2ª parte (episódios 6 a 10)
- Guilherme Amaral Luz
- 21 de nov. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 8 de mai.
Por Guilherme Amaral Luz
Sequência da sexta temporada de Cobra Kai chega ao fundo do poço e decepciona. Ainda assim, há o que se esperar (será?) do desfecho da trama.

Na última semana, a Netflix colocou na sua plataforma a segunda das três sequências de cinco episódios da sexta e última temporada de Cobra Kai. Para quem acompanhou a série, com os seus altos e baixos, e via nela algo de interessante para além do entretenimento fácil (como era meu caso) não tem muito mais a dizer além de manifestar frustração e espanto. Sempre consegui enxergar algo aproveitável na série enquanto reflexão sobre a história contemporânea das artes marciais no mundo global. Desta vez, no entanto, não vejo muito mais do que um enredo confuso, com referências sem sentido e cenas de muito mal gosto.
Demorei a tomar a iniciativa de escrever sobre esses 5 episódios até que consegui encontrar um caminho possível: a sequência talvez seja testemunho do próprio caos e da crise estética, moral e política das comunidades marciais.
Uma das referências mais sem sentido presente nestes episódios é, vai saber o porquê, Jesus! Ele aparece em pelo menos 3 momentos de maneira muito evidente: nas costas do uniforme da equipe brasileira do torneio Sekai Taikai; na medalhinha que Daniel LaRusso compra de um menino na rua e a usa para escapar de uma jaula de cachorro em que se viu preso (é isso mesmo... se você não viu ainda, é isso mesmo... Daniel San foi preso numa jaula de cachorro por um de seus antagonistas...); aos fundos de uma fotografia turística da equipe do Miyagi Do em cartaz de uma esposição artística de museu.
Jesus como símbolo da equipe brasileira não é a única bizarrice que se associa ao nosso país nestes episódios. O "karatê" dos competidores brazucas trazem gingas e movimentos de capoeira e o kimono azul lembra bastante aqueles usados por lutadores de BJJ... Isso combina de algum modo com a descaracterização generalizante do "karatê" apresentado no torneio: uma mistura de MMA, Taekwondo, Capoeira, Sanda, Judo, BJJ, Lei Tai, Gincana e Olimpíadas do Faustão com pitacos de saltos ornamentais e porradaria de Mosh Punk...
O surrealismo audacioso dos episíodios inclui ainda disputas de "chute em altura" no Aquarium de Barcelona, valendo quarto de hotel, porre de Cuba Libre do capitão do time do Myiagi Do e um surto de Chosen contra orquídeas de plástico na recepção do torneio. E isso é só uma parte do tremendo mal gosto que conseguiu transformar até o belo cenário de Barcelona numa cafonice teen constrangedora. Talvez salvem-se, na estética desses episódios, algumas poucas inspirações, como a participação de Tim Henson, da Banda Poliphya, na trilha sonora. E, do ponto de vista do uso da tecnologia, para satisfazer os fãs de Karatê Kid, é interessante (ainda que mereça discussões) a produção, por IA, da participação de "Pat Morita" (como Sr. Myiagi) em cenas novas e inéditas na série.
Resta agora a esperança de que toda esta bagunça mal arranjada tome algum sentido nos episódios finais da série. Mas vai ser muito difícil tirar algo que preste de tanta confusão semântica.





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